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Tem uma crônica do Manuel Bandeira em que ele diz que o livro mais importante da biblioteca dele era um caderninho de anotações de Dona Santinha, mãe do poeta. Olha aí, a principal influência. Nem tem muita graça dizer grandes nomes da literatura universal. Então, em primeiro lugar, a minha principal influência foi a minha mãe: Dona Antonieta, que me comprava livros e achava bonito que os filhos dela apreciassem o estudo. Também tive bons professores — fundamentais. E meus amigos — os professores Katia Klassen, Paulo Soethe, Julio Paulo Marcondes, bibliófilo respeitadíssimo —, essas pessoas queridas que sem pretensão partilham suas leituras comigo. Mas para falar um nome de escritor, que me ensina muito a escrever, digo: Luci Collin. Uma escritora de altíssimo nível, que não tem vergonha de ser escritora em Curitiba. E ainda instiga essa nova geração a dar o salto. Eu até diria que ela empurra.

 

Entrevista: Assionara Souza, por Rodrigo de Souza Leão

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Com a escritora Luci Collin e a poeta Alice Ruiz

 

Na página que abre o livro (três parágrafos em prosa, de caráter introdutório), a autora dirige-se a um amigo, Antoine, com quem quer ter aulas de francês: “Assim, nós teremos aulas nos cafés, imitando Patti Smith, imitando o melhor de nós, nessa paisagem de outono para inverno. Nessa temporada infernal.” E é entre outono e inverno (e um “inverno/inferno”, na rima da canção, jogo vocabular recorrente no livro) que podemos localizar algumas das notações temporais: “desde maio / a vida desmaia / em queda / livre-se / de mim”; “olhos fechados num dia claro de sol / correção: num dia nublado de inverno / une saison”; “julho tem sido difícil na última encarnação”.

 

Relendo Alquimista na chuva, de Assionara Souza, por Marcelo Sandmann

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Com a sobrinha Ana Marie

 

Do segredo à fofoca: mulheres que reescrevem a história na poesia brasileira contemporânea. Um artigo de Danielle Magalhães na revista Estudos Feministas (A1), em que ela trabalha poemas de Assionara Souza, Mônica de Aquino, Helena Zelic, Tatiana Pequeno, Catia Cernov e Carolina Pazos.

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“Peripécias”, de Assionara Souza. Leitura de Lilyan de Souza.

 

Especial | Nara não é um cachimbo, por Hiago Rizzi

No Cândido 128, março de 2022

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Com o escritor Lima Trindade e a poeta Brenda Ríos, no México

 

“Insanamentos”, de Assionara Souza. Leitura de Lilyan de Souza.

 

Com Letícia (sobrinha) e as irmãs Lisa Marie e Ana (Ana Marie no colo)

 

 

“Espelho meu”, de Assionara Souza. Leitura de Silvana Guimarães.

 

Espelho meu

Estávamos na sala eu e minha mãe

[Agora é que percebo que ela manteve os cabelos longos

Somente até aquele dia]

Eu lia a história de Branca de Neve

Virando as páginas assim que as personagens do

Disquinho azul alcançavam a última linha

— Terminar de ouvir me antecipava a vontade de ouvir de novo —

Mal sabia que alimentava naquele gesto

O pequeno monstro do desejo incontrolável

Minha mãe fazia acabamentos na bainha de uma saia xadrez

O carro parou na frente de casa com uma freada brusca

Olhamo-nos com a mudez sincera dos que sabem que 

As cenas do próximo capítulo vêm para abalar o coração

Bateram palmas lá fora

Ela largou a costura

Eu desliguei o disquinho

E toda a paz de nossas tardes

Foi varrida pelo vendaval da notícia que o homem trouxe

Sempre que ouço a história de Branca de Neve

Esbarro naquele ponto em que o caçador

Arranca o coração de um cervo

 

[Do livro Instruções para morder a palavra pássaro. Telaranha, 2022]

 

© 2022 assionara souza